quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 | | By: BestOfFutebol

Porto vs Pinhalnovense 2-0

Há uma velha máxima do jornalismo, que diz que um avião que aterra não é notícia, um avião que cai sim. Esta será, portanto, a crónica de uma «não notícia». Mas não deixa de ser um relato com muito que se lhe diga. O voo portista chegou ao seu destino, é certo, mas esta esteve longe de ser uma calma viagem, como, de antemão, se poderia prever. O F.C. Porto venceu o Pinhalnovense por 2-0 e está nas meias-finais da Taça de Portugal.

A pior assistência da época do Dragão viu uma primeira parte sonolenta, de sentido único, mas com tráfego condicionado. André Villas-Boas tinha prometido motivação para «fazer história», mas do Pinhal Novo veio uma equipa embalada pelo mesmo desejo. Depois de afastar o Leixões da Liga de Honra, a missão era espinhosa, mas a equipa de Paulo Fonseca queria torná-la possível.

Para dar a sensação que seria possível contribuiu, e muito, a noite inspirada do guardião Pedro Alves. Um homem com experiência no mais alto patamar no futebol português que foi parando, uma a uma, as investidas dos dragões não filtradas pela concentrada defesa do Pinhalnovense. Foi assim na primeira parte, prolongou-se na segunda, até à bomba que decidiu tudo.

Nem se pode dizer que os dragões tenham facilitado. Villas-Boas introduziu cinco mudanças no onze, mas manteve a estrutura, entregou os flancos a James e Mariano e voltou a fazer de Hulk o ponta-de-lança de serviço. Guarín, o herói com o Marítimo, entrou na segunda parte, quando já se percebia que a tarefa iria exigir empenho máximo. Varela viria a seguir-lhe as pisadas.

1ª Parte:

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A onda de impaciência, que ganhou corpo com as defesas de Pedro Alves às tentativas de Belluschi, Rúben Micael e Mariano, chegou ao limite quando Fernando, na cara do guardião, atirou por cima. Viria a explodir já no segundo tempo, quando Kieszek se redimiu do erro com o Nacional, negando o golo a Miguel Soares, com um voo impressionante. O crédito portista, já ameaçado em alguns sectores, esfumou-se aí e o Dragão sublinhou com assobios. Que acordaram Hulk.

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Quando o espectro do prolongamento pairava, o «Incrível» decidiu. Drible, toque para a esquerda e bomba que deixou Pedro Alves sem reacção. Durava 78 minutos a resistência do Pinhalnovense. Passava a turbulência, extinguia-se a neblina. A pista estava à vista para o avião portista aterrar. Antes disso, o super-herói do costume ainda haveria de mostrar nova habilidade, depois de arrancar decidido pela esquerda, tabelar com Belluschi e atirar, com estilo, para o segundo.

2ª Parte:

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Da viagem, fica a clara sensação que o resultado sofrido se deveu, claramente, a falta de inspiração. Há noites assim. Uma combinação bem-feita, uma triangulação pensada e executada, um passe a rasgar...Viu-se tudo isto, a espaços. Faltou o que faz a diferença: marcar. No caso, quase sempre, desviar a bola de Pedro Alves.

Seguem em frente os azuis e brancos. Corrija-se. Segue em frente o F.C. Porto. Esta foi uma daquelas raras noites em que os adeptos do Dragão foram embora felizes com a derrota da equipa que jogou de azul e branco.

Destaques Individuais:

Hulk
Assinou uma exibição pautada por lances exasperantes, na etapa inicial, daqueles que provocam a ira dos adeptos. Contudo, esteve nos principais momentos de perigo e resolveu um problema deveras bicudo. entrada para o último quarto-de-hora, quando o F.C. Porto denotava crescentes dificuldades em chegar à área contrária, provou que o caminho mais curto para o sucesso é uma linha quase recta. Fintou um adversário, flectiu para o centro e disparou. Um golo com marca registada: à Hulk. Dobraria a parada numa jogada de encher o olho. Correu para evitar uma saída de bola pela linha lateral, percorreu meio-campo, recebeu de Belluschi e desenhou um arco mais vincado. Dois golos, que pedir mais?

Pedro Alves I
Sub-capitão do Pinhalnovense, o guarda-redes foi o principal responsável pela crescente inquietude do F.C. Porto. Faltam-lhe o nome pomposo, o equipamento berrante e o aparato na abordagem aos lances. Vai defendendo sem grande estilo, privilegiando a eficácia. Durante largos períodos, todos os ataques portistas terminaram nas suas mãos. Terá comedido grande penalidade sobre Hulk, ainda na primeira parte, mas escapou. Fez tudo o que estava ao seu alcance para fazer a festa da Taça de Portugal. Soberbo! Só não conseguiu travar a magia de Hulk na recta final do encontro.

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Miguel Soares
Destaque individual com extensão colectiva. Miguel Soares teve nos pés a melhor oportunidade de golo do Pinhalnovense, uma equipa ousada, guerreira, arrumada. Diogo Figueiras é um lateral deveras interessante, Mustafá e Semedo formam uma dupla aguerrida a meio-campo e Miran usa bem a sua experiência na frente. Faltou apenas evitar a inspiração de Kieszek e Hulk. Ao minuto 70, Miguel Soares apareceu à entrada da área do F.C. Porto e rematou em arco para uma defesa espectacular do guardião polaco. O Pinhalnovense tombaria pouco depois.

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Kieszek
Talvez afectado pelo erro crasso na oportunidade anterior, começou o jogo com nervos à flor da pele, evidentes na forma como cedeu um canto desnecessário, quando tentou servir um companheiro com os pés. Porém, ao minuto 70, provou o acerto da sua contratação: voo apertado e providencial, negando o golo ao Pinhalnovense. Hulk marcaria pouco depois. A vitória também foi sua.

Fernando
Regresso ao onze, ocupando o lugar que Guarín foi conquistando na sua ausência. Entrou no relvado com tremenda mentalidade ofensiva, abandonando a sua posição para causar desequilíbrios em lances de ataque. Em soberba jogada de entendimento com James Rodriguez, chegou a surgir na marca de penalty, qual ponta-de-lança, provando que esse não é o seu habitat natural: atirou para a bancada! Com o tempo, perdeu o atrevimento e limitou-se à habitual segurança defensiva.

Belluschi
Vários ensaios de meia distância, com qualidade. Menos acutilante que o habitual, a carrilar o jogo ofensivo do F.C. Porto, deixou ainda assim imagem positiva. Esteve até mais agressivo que o habitual na disputa de bola. Assistiu Hulk no segundo golo dos dragões.

Mariano González
O calvário foi longo mas André Villas-Boas está a conceder oportunidades para uma recuperação imediata dos índices físicos. Após uma partida como suplente utilizado, Mariano surgiu no onze e recebeu a braçadeira de capitão como factor extra de motivação. Empenho não faltou, mas o argentino é um jogador tradicionalmente preso de movimentos e, sem ritmo, isso tornou-se ainda mais evidente. Saiu ao minuto 54, para dar o lugar a Varela. O F.C. Porto mudou para melhor.





Destaques dos Treinadores:

André Villas-Boas, treinador do F.C. Porto, comentou desta forma o triunfo frente ao Pinhalnovense (2-0). Hulk marcou os golos da vitória portista no último quarto-de-hora do encontro realizado no Dragão:

«Jogámos sempre contra uma forte organização. É uma equipa de um escalão inferior, mas que jogou bem em posse e a defender. Apesar de tudo, houve sempre domínio do F.C. Porto, jogámos contra essa organização e contra o guarda-redes. Tivemos muitos remates à baliza, procurámos sempre o golo, com mais ou menos critério.»

Sobre a substituição de Ruben Micael ao intervalo: «Achei que com o Freddy (Guarín), teríamos mais um pouco de profundidade e largura. Para além disso, se o resultado se mantivesse empatado até ao minuto 55, tínhamos pensado em alterar a estratégia, como viemos a fazer.»

Ficou satisfeito com a equipa? «Estou sempre satisfeito com o rendimento da minha equipa. O F.C. Porto tem um percurso forte, que às vezes choca com exibições menos conseguidas. Se calhar, com um pouco mais de dinâmica, podíamos ter resolvido o jogo mais cedo. Mas procurámos fazê-lo, pecámos apenas na finalização. Apostámos mais na meia distância. Também me parece claro que este percurso é de valorizar. Seja contra quem for, chegamos às meias-finais da Taça.»



Sobre o facto do F.C. Porto ter sido distinguida como a melhor equipa do mês de Dezembro, pela IFFHS: «É algo que se conquista e o F.C. Porto fê-lo com mérito total. Em Dezembro, tivemos um mês bom, mas temos mantido um percurso imaculado e queremos continuar a fazê-lo, para somar troféus.»

O F.C. Porto perde ou ganha com o Hulk a ponta-de-lança? «Com Hulk, Walter ou Falcao, são sempre dinâmicas diferentes, requer criar novos relacionamentos com os companheiros. Com o Marítimo, parece que correu melhor, mas a verdade é que hoje o Hulk marcou dois golos.»

«O adversário teve grande organização, teve muito critério a construir e tem de se valorizar isso. Fomos criando as oportunidades que conseguimos, que foram bastantes, mas houve uma grande noite do guarda-redes adversário. Não foi por não tentarmos ou não termos mais arte que não marcámos mais cedo.

A verdade é que houve muito mérito do adversário. Não é normal fazer 29 remates e marcar dois golos. Mas territorialmente estivemos perto da baliza do Pinhalnovense. Somos na Liga o melhor ataque, somos uma equipa de ataque, mas há dias assim, dias em que defrontámos fortes organizações.





Paulo Fonseca, treinador do Pinhalnovense:
«Estou muito orgulhoso pelo que os meus jogadores fizeram dentro de campo. Não fomos uma equipa que apenas pensa no momento defensivo, tentámos jogar o jogo pelo jogo, mesmo sabendo que era difícil conseguir aqui um bom resultado. Estou extremamente orgulhoso pelo que fizemos dentro de campo.

Tentámos retardar ao máximo o golo do F.C. Porto, acabou por chegar num belo momento do Hulk, e a partir daí as coisas complicaram-se ainda mais. Mas estou orgulhoso pelo que fizemos nesta Taça de Portugal. Há muitas equipas da Liga que nos últimos anos não fizeram tantos jogos na prova como nós.



Sinto-me envaidecido pelos elogios de Hulk e Villas-Boas. Tínhamos a intenção de deixar uma boa imagem e fico feliz por ouvir as palavras elogiosas do treinador adversário e do melhor jogador em campo. Era um sonho poder atingir as meias-finais, quem sabe para o ano não o consigamos.»





Destaques dos Jogadores:

Hulk, jogador do F.C. Porto, em declarações à SportTV, depois de ter marcado os dois golos da vitória portista frente ao Pinhalnovense:



«No início procurámos criar oportunidades, mas não fomos felizes. O jogo foi resolvido por todos. Tivemos dificuldades, porque não aproveitámos as oportunidades. A equipa deles é boa e criou-nos dificuldades, mas com determinação conseguimos a vitória.»

Texto: maisfutebol




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9 comentários:

Pedro Barbosa disse... [Responder a Comentario]

Jogo dificil mas resolvido. Pos a nu uma clara necessidade do FCPorto, um avançado. Parabens ao Pinhalnovense pela boa replica. Para quem poderá por em causa a vitoria do FCPorto basta consultar a estatistica do jogo...

Ultrasfcporto disse... [Responder a Comentario]

Achei que Mariano apesar de ter vindo de uma longa paragem até esteve muito bem entregando-se muito ao jogo e por pouco não marcava. Claro que houve algum nervosismo por falta do golo que tardou em aparecer mas quem tem Hulk tem tudo.
Cump.
ultrasfcporto

Unknown disse... [Responder a Comentario]

Sinceramente, jogo anormal apenas pela má finalização e algum azar na mesma.
O Pinhalnovense é bastante organizado, mas vistas bem as coisas, foi também praticamente inofensivo.
O FC Porto não teve uma exibição bonita, mas foi prática e foi dominador, agora é lógico que a demora em decidir o jogo faz as delícias da Comunicação Social.

Unknown disse... [Responder a Comentario]

já agora, o Porto não precisa de um avançado, precisa de um bom ponta-de-lança, para quando não há Falcao.
Porque ponta-de-lança o Porto só tem mesmo Falcao

Pedro Barbosa disse... [Responder a Comentario]

Sim Álvaro, estava me a referir a um ponta de lança.

R14 disse... [Responder a Comentario]

Para ponta-de-lança o Porto devia ir resgatar o Orlando Sá ou o Rabiola. São os dois grandes jogadores. O Rabiola é neste momento o melhor marcador da Liga Orangina (aka Liga de Honra).
Espero é nao irem buscar mais um argentino ou brasileiro com tantos portugueses bons que tem emprestados

BestOfFutebol disse... [Responder a Comentario]

@R14
Exactamente penso da mesma forma, como alias ja aqui anteriormente mencionei, o Porto tem que salvaguardar e pensar num grande Ponta de Lança para quando sair o Falcao e precisa de outros que sendo bons não se importam em estar no banco e que sejam baratos...

E o que há melhor que homens da casa...?

Silva disse... [Responder a Comentario]

@BestOfFutebol
O problema dos homens da casa, é que muito poucos tem aquela garra que nos faz vibrar, aquela vontade de resolver e continuar a marcar mesmo quando o resultado já vai em goleada. Refiro-me aqui a pontas mas agora generalizando um pouco, este é o problema do jogador português, tem pouca garra, e depois, os clubes também tem a sua cota parte de culpa na formação..
Continuando, não me parece que o porto vá ao mercado por um ponta, segundo sei o Kléber já está mesmo acertado para o final de época, mas até ao fim de Janeiro ainda falta muito.. Bem haja...

BestOfFutebol disse... [Responder a Comentario]

Pois é Silva, também não deixo de concordar, e por isso é que me lembrei de um artigo que escrevi sobre o Jardel, e o seu regresso para acabar a carreira no Porto... (6 meses)

E agora quando falas-te desse porMaior da garra e do Kleber, porque tb penso que ja esta assegurado, lembrei-me do super mario...

Garra? Tem ele de sobra basta ver a estrevista que deu, e no final do ano vai embora contente, penso que seria um a boa oportunidade para termos um Matador no banco sempre motivado a jogar 15 minutos e a marcar...

http://www.bestoffutebol.com/2010/10/jardel-regressa-ao-dragao.html

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