sábado, 15 de janeiro de 2011 | | By: BestOfFutebol

Entrevista Nani

Nani está feliz da vida em Manchester. Tornou-se, finalmente, num titular indiscutível e a imprensa inglesa tem insistido na circunstância de ele estar a preencher bem, com golos e assistências, o espaço vazio deixado por Cristiano Ronaldo. Mas o extremo português quer mais. "Quero ser visto como um dos melhores do mundo", afirmou Nani

Nani admite o gosto de "assumir as responsabilidades e os riscos. "Adoro a ideia de ser um jogador influente", sublinha o internacional português numa entrevista em que aborda ainda a sua recente renovação do contrato: "Sempre foi minha intenção continuar aqui. O Manchester United é o melhor clube do mundo".

No conjunto das três épocas anteriores, tinha marcado, na liga inglesa, sete golos ao serviço do Manchester United. Nos cinco meses de 2010/11, já apontou seis, tendo ainda contribuído com 12 assistências para golo, o melhor registo individual na prova. A que se deve esta subida de rendimento?
Penso que isso acontece por ser hoje um jogador mais confiante nas minhas próprias capacidades. Quando isso acontece, torna-se mais fácil marcar e assistir. Claro que a circunstância de ter agora mais oportunidades também tem um grande peso. Há quem diga que me tornei num jogador mais eficaz, o que não deixa de ser verdade. Claro que essa melhoria tem a ver com a maturidade que fui adquirindo.

Tem 24 anos, vai na quarta época no futebol inglês e, quem acompanhou a sua carreira percebe que houve também uma evolução enorme do ponto de vista físico. Hoje, o Nani parece um jogador mais robusto...
Aplico-me muito nos treinos, até porque aqui isso é absolutamente determinante para se ter sucesso. Mas, curiosamente, penso que até fazia mais trabalho de ginásio quando estava no Sporting. Em Inglaterra, com tantos jogos, não há tantas oportunidades para o fazer. Nalgumas alturas, como acontece agora, jogamos quase de dois em dois dias. É preciso jogar e recuperar rapidamente e o melhor possível para o jogo seguinte. São ritmos diferentes.

Parece também mais evoluído tacticamente, colaborando muito no trabalho defensivo...
Sinceramente, penso que isso já acontecia no Sporting. Na altura, o Paulo Bento já exigia muito de mim nesse capítulo. Em Alvalade, eu jogava como médio interior e também tinha de subir e depois recuperar para "fechar" no meio. O Paulo Bento trabalhou muito esse aspecto comigo e tenho de lhe estar grato por isso. Quando cheguei a Manchester, percebi que o sistema de jogo era diferente, mas muitos dos movimentos eram idênticos. Por isso, foi só uma questão de me ir aperfeiçoando. A prova do que estou a dizer foi uma conversa recente que tive com o Paulo Bento em que ele me disse: "Atenção que tu, tacticamente, já sabias o que fazias no Sporting. Não eras nenhum tosco em termos tácticos".

A imprensa internacional, designadamente a inglesa, tem insistido muito no facto de você estar a ocupar o espaço que estava em aberto desde que Cristiano Ronaldo saiu de Manchester para o Real Madrid. Custou-lhe assumir essa responsabilidade?
A saída do Ronaldo de Manchester abriu, de facto, um espaço que foi também uma oportunidade para alguns jogadores, designadamente para mim. Penso estar a aproveitar bem. Gosto de assumir as responsabilidades e os riscos. Adoro a ideia de ser um jogador influente e, sem falsas modéstias, acho que tenho conseguido dar conta do recado. No Manchester há belíssimos jogadores, mas não há muitos com a capacidade de fazer a diferença. Eu sinto-me bem a tentar desempenhar esse papel. Gosto dessa responsabilidade.

Daí não ter tido dúvidas em afirmar que um dos seus objectivos é passar a ser visto como um dos melhores jogadores do mundo...
É verdade. Quero atingir o top. Há quem tenha dificuldade em assumir essa ambição, mas eu estou a passar por uma óptima fase e tenho todo o direito em sonhar alto.



Mas daqui a quanto tempo pretende atingir a meta, por si revelada, de ser incluído no lote dos três nomeados para a Bola de Ouro?
Não sei, é difícil responder, mas pretendo consegui-lo o mais rápido possível. Para se atingir aquele plano, é preciso ter qualidade técnica, velocidade, capacidade física, visão e inteligência de jogo. Penso estar a responder cada vez melhor em cada um destes capítulos. Mas sei também que preciso de ter paciência para atingir o meu objectivo. Se o conseguir num ano, excelente. Mas, se for em dois ou três, também é bom. Além disso, quero ganhar títulos colectivos, até porque sei que eles contribuem de forma decisiva para os troféus e o reconhecimento individual.

Quando renovou o contrato até 2014, o treinador Alex Ferguson afirmou que tinha "tido um desenvolvimento fantástico" e que "terá um futuro longo e de sucesso no Manchester United". Nunca pensou, a exemplo do que fez o Cristiano Ronaldo, mudar de clube?
Sempre foi minha intenção continuar aqui. O Manchester United é o melhor clube do mundo. Claro que nunca se sabe o dia de amanhã e não digo que vou ficar sempre aqui. Mas, por enquanto, estou mais do que satisfeito.

Gosta de viver em Manchester?
Tirando o tempo frio e chuvoso, o resto até é tranquilo. É bom para nos concentrarmos no trabalho. É o sítio ideal para quem vive desta profissão.

E como se dá com os tablóides? Já teve problemas com a imprensa inglesa?
Não, felizmente não. Não tenho tido grandes chatices. Se jogo bem, dizem que jogo bem. Se não dou nas vistas, dizem que estive discreto.

O Manchester segue na liderança da liga inglesa, com dois pontos de vantagem sobre o Manchester City (que tem mais dois jogos realizados) e quatro sobre o Arsenal (que tem mais um jogo). O título está garantido?
Ainda não, ainda falta muito campeonato e aqui todos os resultados são possíveis. Há grandes equipas e um equilíbrio enorme. Não podemos facilitar.

Num campeonato em que o Chelsea e o Liverpool estão a desiludir, o City e o Arsenal acabam por ser os últimos resistentes. Curiosamente, você foi criticado pelo treinador desta última equipa, Arsène Wenger, que ficou irritado quando o Nani não incluiu o Arsenal entre os candidatos ao título.
O Sun, que foi o jornal que utilizou essas declarações, não explicou que elas tinham sido proferidas por mim um mês antes, quando o Arsenal seguia atrás do Chelsea. Se tivesse sido naquela altura, claro que eu teria dito que o Arsenal e o City são os nossos principais opositores.

Como é trabalhar com Alex Ferguson?
É muito especial. Ele é um treinador diferente, fora do normal. Por vezes nem vai ao treino ou fica só a ver. Mas a sua presença paira em tudo o que acontece no clube. Só fala o que é essencial, mas duas palavras dele chegam para resolver qualquer questão. É carismático e funciona muito bem num clube que tem uma estrutura impressionante.

Mas ele também é conhecido por utilizar o "secador", expressão que retrata a forma como berra no balneário a um palmo da cara dos jogadores...
[risos] De facto isso pode ser intimidante para os jogadores mais novos. Eu também já passei por essa fase...

Bebé transferiu-se surpreendentemente do Guimarães (onde não chegou a jogar) para o Manchester. Como está a decorrer a sua adaptação?
Tem estado muito bem. Treina bem e tem vindo a evoluir. Ainda hoje falei com ele para lhe dizer que fez um belíssimo treino. Mas tem de continuar a trabalhar e a tentar evoluir. Tem também de ter paciência para o facto de não jogar tanto quanto gostaria. Porque foi isso que também aconteceu com o Cristiano [Ronaldo] e comigo. Acontece a todos os jovens que chegam a este clube e ele tem de ser forte psicologicamente para lidar com isso.




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