Benfica vs Paços de Ferreira 2-0

O Benfica construiu a quinta vitória consecutiva na liga pela inspiração de Aimar em Maradona, num daqueles lances de génio, que surgem pelas calçadas argentinas e são transportadas, por predestinados, para os relvados. A prenda de Aimar para Maradona foi o ponto alto de um triunfo encarnado que só mostrou certezas após o 2-0 e que lança a equipa para o duelo decisivo com o F.C. Porto.

Pablo Aimar partiu a mobília com uma arrancada, mas houve minutos a mais do Paços na Luz, para uma equipa que aponta ao bicampeonato e joga no Dragão cartada decisiva. O ensaio geral deu em triunfo, deu para gerir e deu também para tirar ilações para o clássico. E nem todas são positivas.

O primeiro tempo desequilibrou-se pela obra-prima de Pablo Aimar. O golo do argentino foi maior que a exibição do Benfica, que teve ocasiões para dilatar a vantagem. A entrada no jogo foi lenta e permitiu aos pacenses criar algum perigo e testar Roberto. O 10 encarnado tratou de colocar as diferenças de talento no lugar. Arrancou do meio-campo, fintou três adversários e rematou de longe. Jorge Jesus tinha feito descansar artilharia pesada (Carlos Martins), mas Aimar trouxe magia ao relvado e o 1-0 apareceu num golaço argentino, na véspera dos 50 anos de Maradona.

Mas é bom começar pelo princípio. Este Benfica entrou com demasiada calma, com algumas mentes no Dragão e outros corpos que pareciam nem estar em campo, como Gaitán ou Peixoto. No primeiro remate do Paços, Luisão e Javi Garcia deixaram Rondon ter a bola com facilidade, não quiseram arriscar o amarelo e o venezuelano disparou. Foi um dejá-vu do que viria a suceder muitas vezes nos 45 iniciais.

Maykon, Leonel Olímpio e Nuno Santos mostraram que Roberto é, hoje, um guarda-redes bem mais tranquilo. Aliás, bem mais sereno que uma equipa encarnada que é nervosa na gestão da partida, mesmo que esteja em vantagem. Na frente, os argentinos apareceram e em dois minutos resolveu-se o nulo. Saviola falhou na cara de Cássio e de seguida atirou ao poste; depois, numa jogada que só ele viu, Pablo Aimar arrancou para o tal golo.

O Benfica teve o 2-0 nos pés de Saviola, Javi Garcia e Fábio Coentrão, mas o golo não surgiu e o Paços «roubou» o jogo. Invadiu o terreno encarnado e por lá ficou até ao descanso, sempre com setas apontadas à baliza. Não deu em nada, mas deixava muitas dúvidas quanto à justiça no marcador e ao que iria ser o resultado final.



Andou-se na incerteza do vencedor mais tempo, porque o Benfica entrou com uma oportunidade, desperdiçou-a e os pacenses nem pareciam que tinham ido ao balneário. Entraram como acabaram a primeira parte e remeteram, na Luz, o Benfica, campeão, para terrenos onde os encarnados pouco tempo passam, normalmente, em casa.

O chão tremia na Luz, os encarnados não se equilibravam, mas o regresso de Coentrão à extrema-esquerda redundou numa grande penalidade. Deixou dúvidas? Sim, a decisão pareceu certa? Também, e, com isso, Kardec fez a equipa expirar o ar contido pela pressão adversária.

O 2-0 permitiu a equipa descansar e assumir o encontro. Também deu a Jorge Jesus a ocasião para gerir cartões para o Dragão. Tirou Javi Garcia, um dos que estava em risco, e lançou Airton. Mais tarde fez o mesmo com Luisão e Sidnei. A imagem final da vitória foi de tranquilidade, mas, na maior parte do tempo, valeu apenas pelo talento de um argentino que actua com o dez nas costas. Só que argentinos com o 10 na camisola e que resolviam sozinhos só houve um. Nasceu há 50 anos e não se chama Aimar. No Dragão, o Benfica vai ter de mostrar mais que o talento individual.

Conferência de Imprensa dos Treinadores: Jorge Jesus e Rui Vitoria




Declarações dos Jogadores: Kardec, Luisão e Filipe Anunciação




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Fonte: maisfutebol




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